
Sobre os quase 20% de Marina e o segundo turno para presidente
Quase sempre estou em acordo com o grande jornalista Luiz Carlos Azenha do viomundo.com, mas desta vez vou discordar dele. Azenha afirma ter havido de fato uma onda verde em favor da candidatura de Marina Silva, tendo encontrado na juventude sua maior força. O jornalista ainda diz não acreditar que a “sórdida campanha movida por católicos e evangélicos contra a candidata governista” seja responsável pelo elevado percentual da candidata do Partido Verde.
Claro que podemos dizer que os fatores tenham sido diversos. Isto é verdade, mas também pode ser uma saída retórica para quem não quer arriscar uma análise mais audaciosa. Vou defender aqui uma tese: os 12 ou 14% que Marina apresentou nas últimas pesquisas eleitorais, creio, sejam frutos de uma onda ou marolinha verde, aí estariam os votos ideológicos, daqueles que consideraram a necessidade de uma "terceira via", uma opção mais consciente. Mas e os quase 6% a mais que vieram depois da apuração? Este percentual, no meu entendimento, foi gerado sim pela sórdida campanha sofrida por Dilma.
Marina seria usada
As diversas mídias de esquerda já alertavam que, depois de os tucanos e a mídia retrógrada terem tentado de tudo para derrubar Dilma e fazer o candidato do PSDB crescer, sem êxito, restava usar a Marina. Já que Serra parecia ter atingido seu teto, a única coisa a fazer seria investir em Marina, ajudá-la de alguma forma a fim de garantir o segundo turno. Atacando Dilma nas questões de ordem moral a candidata verde ganharia, sem muito esforço, os votos dos “dissidentes”.
A forte campanha dos veículos de comunicação da chamada “grande imprensa” que criam “verdades”, subvertem a lógica, mentem, enganam e desinformam o povo conquistou o apoio de parte da sociedade, em especial evangélicos e católicos
Uma história vergonhosa
O histórico dos evangélicos, infelizmente, não é muito bom quando se refere à participação ou influência política. Neste momento preciso lembrar que sou presbiteriano, deste modo fico mais a vontade para dizer o que segue.
O Nazismo conquistou apoio dos protestantes, que prefiro chamar agora de evangélicos. A Ku Klux Klan tinha em meados do século passado nos Estados Unidos, a complacência, ou pior que isto, a participação de presbiterianos e batistas. A Ditadura Militar recebeu apoio de igrejas evangélicas a todas as atrocidades que cometia na época. Considero que os exemplos já sejam horríveis, vergonhosos e suficientes para o momento. Em nome da pureza, da retidão e de Deus é que os apoiamos.
Quando eu assisti pela internet à absurda “pregação” do tal “pastor” Piragine, da Igreja Batista de Curitiba (membro da Aliança Batista Brasileira e não da Convenção Batista Brasileira) eu já temi pelo que poderia acontecer. Confesso que não acredito muito na capacidade de discernimento de muitos líderes evangélicos de nosso tempo, em especial em questões que envolvam as artimanhas políticas de alguns partidos e de parte da mídia.
Em todas as campanhas de Lula para presidente, até que ele fosse eleito, ouvi muito evangélicos afirmarem, com a certeza de uma revelação divina, que Lula era enviado do Diabo e que ele fecharia as igrejas. Como se as portas do inferno pudessem prevalecer sobre a Igreja de Cristo. Depois, já em sua primeira gestão, o presidente deixou claro que tudo não passava de puro devaneio “espiritual”.
Agora era a vez de Dilma Roussef. Agora sim, esta é a enviada de Satã para exterminar a pureza deste povo. Ela legalizaria o casamento homossexual, a própria seria adepta desta prática (segundo boatos da internet) flexibilizaria a prática do aborto, Dilma morreria (talvez algum anjo tenha trazido o presságio) e Temer, um satanista (?) iria comandar o país, etc... Já é o suficiente.
Creio que Dilma será eleita no próximo dia 31 de outubro. Imagino que o candidato do PT à sua sucessão, daqui quatro ou oito anos, também experimentará do mesmo cálice. A pergunta é: quando os evangélicos aprenderão a ser astutos como a serpente? Quando aprenderemos a discernir o que está por trás das diabólicas ações da mídia fascista que temos em nosso país? Até quando seremos usados pelos poderes demoníacos deste mundo tenebroso do mercado midiático e da banda podre da elite?
O que seria um governo do mal em nosso país?
Ele faria cerca de 30 milhões de pessoas saírem da miséria, outros 36 milhões ascenderem à classe média, geraria 14,5 milhões de empregos e milhões de oportunidades, abençoando as famílias brasileiras? Diminuiria a mortalidade infantil? Concederia mais dignidade, orgulho e esperança ao povo? Levaria luz para todos? Ou, ao contrário, geraria desigualdades, injustiça, miséria e morte, como costumam ser os governos demo-tucanos? Claro, não afirmo e nunca farei isto, que é possível a existência de um governo humano perfeito. Mas é imperativo e urgente que as enormes diferenças destes dois modos de governar sejam reconhecidas e ressaltadas por nós para que possamos assumir posição em favor do que é melhor para os excluídos e os pobres deste país.
Marina Silva, evangélica, membro da Assembléia de Deus, em plena campanha eleitoral, disse diante de toda a imprensa que as questões como aborto e união de pessoas do mesmo sexo, seriam tratadas, em um eventual governo seu, pelo Congresso Nacional, e não seriam (como muitos imaginavam) decididos por ela, como numa ditadura. O PT tem diversos parlamentares que são contra a flexibilização do aborto e alguns que se colocam contra a “criminalização” da homofobia ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O PT da Bahia acaba de eleger para o Senado o deputado federal Walter Pinheiro, membro da Igreja Batista, um exemplo de ética, compromisso com o Evangelho e convicção política.
Alguns amigos acham ruim quando eu digo que o lugar da hipocrisia, mais do que a política, é a igreja. Mais uma vez confirmei isto, infelizmente. Vi muitos evangélicos defenderem o voto em um “homem de Deus” e apoiarem os piores corruptos de que se tem notícia em troca de favores e vultosos recursos. Pessoas deixarem de votar na Dilma por tudo o que já dissemos aqui e mandarem para o Congresso gente da pior espécie, exatamente onde se decidirá sobre as questões mais polêmicas em foco nas eleições e aqui neste texto.
Ah, eu não falei dos católicos? Para mim basta que a esquerda católica ressurja!
Sinceramente espero que os evangélicos possam refletir melhor e que optem pela continuidade do governo popular iniciado por Lula, um governo que trabalha em favor da vida. Dilma presidente!
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